Você pode até nunca ter ouvido falar nele (ou ter ouvido poucas vezes), mas saiba que o feijão-guandu é uma espécie de feijão que oferece diversos benefícios para a saúde humana e a qualidade do solo de plantações.

Para se ter uma ideia, quando essa planta foi consorciada com pastagem, ajudou a reduzir cerca de 70% de gás metano e aumentou a produtividade pecuarista.

Esse tipo de feijão também foi indicado pela Mais Inovação do SENAR/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural devido a uma pesquisa realizada pela Embrapa. A ideia foi utilizar a plantação dessa leguminosa para a produção de silagem usada em confinamento de bovinos de corte.

Ela contribui para o ganho de peso dos animais e a economia de até 30% nos custos com alimentação.

Percebeu a importância do feijão-guandu? Leia este artigo e entenda seus maiores benefícios, fenologia, ciclo de plantio e como cultivar essa planta tão rica nutricionalmente. Boa leitura!

O que é o feijão-guandu?

O feijão-guandu, chamado cientificamente de Cajanus Cajan, é um tipo de leguminosa presente em diversas regiões brasileiras, como Minas Gerais, Goiás, Bahia e Piauí. Popularmente conhecido como andu, ele é altamente adaptável e possui fácil implantação e manejo, além de ser rico nutricionalmente e contribuir com a qualidade do solo.

As cores de suas vagens variam entre verde-marrom ou púrpura e suas quantidades de sementes costumam ser de duas a nove. Com altura entre um e quatro centímetros, a raiz principal desse feijão pode chegar até três metros de profundidade.

Para que serve o feijão-guandu?

O feijão-guandu serve para variadas funções: alimentação humana e animal; adubação verde e cobertura do solo com material vegetal; rotação de culturas visando melhorar a qualidade do solo para o próximo cultivo; recuperação de áreas devastadas; e pastagem de animais.

Cobertura do solo

O feijão-guandu, ao cobrir o solo, contribui para:

  • reduzir o impacto das chuvas, diminuindo a erosão e lixiviação de nutrientes (“lavagem” do solo);
  • inibir a presença de plantas invasoras;
  • fornecer matéria orgânica para a terra;
  • aumentar a retenção de nitrogênio;
  • extrair potássio e fósforo em solos pouco férteis;
  • fixar nutrientes no solo, potencializando a produtividade para a próxima plantação.

Consórcio com outras culturas

O feijão-guandu pode ser consorciado com outras culturas e proporcionar diversos benefícios, como adubo verde e suplementação de proteínas para animais. A estimativa é que sua produção seja de uma tonelada de grãos por hectare.

Por exemplo, quando consorciado com milho, pode aumentar em até 6% a quantidade de proteínas bruta da dieta de bovinos. Se for plantado junto à cana, auxilia a recuperar regiões devastadas.

Quais são os tipos de feijão-guandu existentes?

Existem alguns tipos de feijão-guandu espalhados pelas regiões do Brasil. Com variedade no tamanho, na cor e nas características das sementes, ele pode ser chamado de andu, guando, ervilha-de-pombo e anduzeiro.

Qual a fenologia do feijão-guandu?

A fenologia do feijão-guandu é dividida em duas fases: estádio vegetativo (V) e estádio reprodutivo (R). Seu ciclo completo dura de 90 a 180 dias, variando conforme a quantidade de luz recebida a cada dia (desde o nascer até o pôr do sol). Afinal, essa leguminosa é sensível ao fotoperíodo.

Entenda a seguir, em detalhes, cada estádio fenológico do feijão-guandu.

Estádio vegetativo

  • V0 (germinação): momento do inchaço da semente de feijão-guandu e sua germinação, atingindo a superfície do solo.
  • V1 (emergência): quando os cotilédones aparecem visivelmente na superfície do solo, começando a se separar. Pode ter a presença de folhas primárias. Cuidado com o surgimento de pragas nessa fase até a V3!
  • V2 (folhas primárias): as folhas primárias se abrem completamente;
  • V3 (primeira folha composta): há a abertura completa da primeira folha composta (trifoliolada). Essa fase termina quando a segunda folha composta se abriu e a terceira está começando a se expandir.
  • V4 (terceira folha composta): momento em que a terceira folha trifoliolada está totalmente expandida e em que há o desenvolvimento do engalhamento. Esse estádio termina com o aparecimento dos botões de flores. É a fase mais longa do ciclo do feijão, por isso, invista na adubação e no controle de pragas.

Estádio reprodutivo

  • R5 (pré-floração): desenvolvimento do engalhamento e dos botões de flores. Esse período termina com a abertura da primeira flor.
  • R6 (floração): momento em que metade das plantas estão com flores abertas. O final dessa fase é quando 100% delas abrem.
  • R7 (formação das vagens): agora, as flores fecundadas perdem pétalas e há a formação das primeiras vagens. Esse estádio vai até o atingimento do comprimento máximo das vagens.
  • R8 (enchimento das vagens): o volume das vagens aumenta devido ao enchimento dos grãos de feijão. O fim dessa fase acontece quando os grãos perdem a cor verde e passam a ter a coloração de acordo com sua espécie. Há também a perda das folhas.
  • R9 (maturação): quando a planta atinge seu grau máximo de maturidade com vagens secas e com menos cor, além de sementes mais brilhosas.

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Como fazer a cultura do feijão-guandu?

A cultura do feijão-guandu deve ser feita durante a época chuvosa, entre novembro e dezembro. O espaçamento das sementes deve ser entre 40 cm e 1 m, com cerca de 10 plantas por metro de linha, e profundidade ideal de 5 cm, podendo variar até 2 cm.

A recomendação é realizar o plantio no começo da primavera para proporcionar um maior estádio vegetativo da planta. Isso porque é uma leguminosa de dias curtos, sensível ao fotoperíodo. E o período vegetativo é diretamente influenciado pela duração do dia.

Portanto, quanto maior for a fase vegetativa, melhor será o desenvolvimento da planta.

Essa espécie de feijão pode ser cultivada em diversas regiões do país devido à adaptabilidade, como as tropicais, subtropicais e semiáridas, entre 20 e 40 ºC. Seu ciclo necessita entre 500 a 1.200 mm de chuvas.

A colheita pode ser feita quando as plantas atingirem seu estádio de maturação ou a altura de 90 cm. Porém, é vital entender a variação da duração dos estádios conforme a sua região.

FAQ

O que é feijão-guandu?

O feijão-guandu, também chamado de andu, é um tipo de leguminosa cultivado em várias regiões brasileiras: tropicais, subtropicais e semiáridas, como Minas Gerais, Bahia, Goiás e Piauí. Ele serve para alimentação humana e animal, possuindo alto valor proteico, e para melhorar a qualidade do solo.

Quais são as características do feijão-guandu?

As principais características do feijão-guandu são: planta de dias curtos, sensível ao fotoperíodo; alta capacidade de recuperação de solo; grande concentração de proteínas; cores da vagem verde-marrom ou púrpura; quantidade de duas a nove sementes por vagem; altura entre 1 a 4 cm e raiz principal que vai até 3m de profundidade.

Como cultivar o feijão-guandu?

É necessário ter um solo bem drenado; plantar as sementes do feijão-guandu com 2 a 5 cm de profundidade durante a fase de chuvas, entre novembro e dezembro; espaçar as sementes entre 40 cm e 1 m; e colocar cerca de 10 plantas por metro linear.

Quanto tempo dura o ciclo do feijão-guandu?

O ciclo do feijão-guandu dura de 90 a 180 dias, variando conforme as características do clima e do solo da região, além da quantidade de luz recebida durante o dia, desde o nascer até o pôr do sol.

Ou seja, investir no cultivo de feijão-guandu oferece muitos benefícios ao produtor rural. Afinal, pode-se associar essa planta a outras culturas, conforme o objetivo desejado.

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