A calagem do solo é vital para diversas culturas, sobretudo no solo tropical naturalmente ácido do Brasil. Por regular a acidez e equilibrar os nutrientes vitais para o desenvolvimento das raízes, essa técnica de preparação do solo antes do plantio é extremamente eficaz.
Muito usada em plantações de mandioca, milho, feijão e soja, estudos constataram que a aplicação de calcário meses antes da plantação elevou em 50% a produtividade da lavoura. Se houver seca, essa técnica ainda ajuda a amenizar os danos causados por ela.
Percebeu que a calagem é uma etapa-chave do cultivo agrícola? Por isso, preparamos este artigo para você investir no crescimento e na saúde das suas plantas. Continue a leitura e confira qual é a função da calagem, os tipos e o passo a passo para realizar uma eficiente.
O que é calagem do solo?
A calagem do solo é um técnica agrícola, com uso de calcário, realizada três meses antes do plantio para regular a acidez (aumentar o pH), fornecer nutrientes (cálcio e magnésio) e bloquear o alumínio trocável. O objetivo é elevar a produtividade da plantação e estimular o crescimento das raízes.
Para promover a saúde do solo, a acidez deve se manter entre 5,5 a 6,5 de pH, propiciando a disponibilidade de nutrientes para serem absorvidos pelas plantas; e o alumínio deve ser neutralizado, pois é tóxico para a lavoura.
Qual é a função da calagem?
As principais funções da calagem são: aumentar a acidez do solo; estimular o crescimento das raízes; elevar a disponibilidade de nutrientes, como cálcio, magnésio e fósforo; reduzir a disponibilidade de alumínio, tóxico para plantas; aumentar a tolerância da lavoura à seca; e melhorar as propriedades físicas e biológicas da terra.
Essas funções geram benefícios significativos à plantação, como aumento de produtividade e redução de investimentos com o ótimo custo-benefício da aplicação dessa técnica.
Quais os tipos de calagem?
Os principais tipos de calagem são classificados conforme os calcários utilizados: calcários calcíticos (com menos de 5% de óxido de magnésio); calcários magnesianos (com 5% a 12% de óxido de magnésio); e calcários dolomíticos (com mais de 12% de concentração de óxido de magnésio).
O calcário é proveniente de uma rocha sedimentar com alto teor de carbonato de cálcio. O que muda em cada tipo é a quantidade de carbonato de magnésio, que influencia a eficiência do produto de acordo com cada tipo de solo.
Entenda melhor sobre cada um deles!
- Calcário calcítico: possui maior teor de óxido de cálcio (de 45% a 55%) e baixa quantidade de óxido de magnésio. É indicado para solos com pouco cálcio ou culturas que precisam muito desse nutriente.
- Calcário magnesiano: é considerado o tipo intermediário, com teor médio de cálcio (40% a 42%) e de óxido de magnésio. Indicado para manter os bons níveis de cálcio e magnésio no solo.
- Calcário dolomítico: indicado para variados tipos de solos e culturas, esse calcário apresenta maior concentração de magnésio.
Não tem como falar sobre quais os tipos de calagem e não citar o calcário filler. Ele possui os mesmo tipos acima, porém, é muito mais fino do que eles, o que propicia rápida absorção e é recomendado para plantio direto.
Como escolher o melhor tipo de calagem do solo?
Isso depende da análise da concentração de cálcio e magnésio na terra e seu nível de acidez. O ideal é conferir o poder de neutralização e reatividade do corretivo por meio do PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total), registrado na embalagem do produto.
Caso os calcários pesquisados tenham a mesma quantidade de PRNT, opte por aquele que tem maior PN, pois corrige a acidez de modo mais rápido.
Como deve ser feita a calagem?
Para fazer a calagem, deve-se: realizar análises representativas do solo; escolher o melhor tipo de calagem com base nos resultados; calcular a quantidade de aplicação do calcário; calcular o valor total de custos com o produto e a entrega; e, finalmente, fazer a calagem do solo, respeitando algumas diretrizes.
Analise o solo
Colete algumas amostras do solo e faça uma análise representativa em duas etapas: depois da colheita do verão e antes do preparo do solo para as culturas anuais ou após a época das chuvas em colheitas perenes.
Escolha o tipo de calagem
Depois de receber os resultados das análises realizadas, escolha o melhor tipo de calcário para preparar o solo antes da plantação.
A recomendação é pegar uma amostra de 0 a 20 cm do solo. Em caso de plantio direto, a amostragem pode ser na camada de 0 a 10 cm.
Considerando os níveis de cálcio e magnésio, você opta pelo produto com mais ou menos concentrações dessas substâncias.
Calcule a quantidade de calcário
Com o calcário em mãos, é hora de entender a dose que deve ser aplicada por meio de um cálculo simples.
Para aplicar os números corretamente na fórmula, separe as seguintes informações da sua análise de solo e do tipo de calcário escolhido:
- CTC: capacidade de troca de cátions;
- teores de alumínio (Al) ou saturação base;
- Cálcio (Ca);
- Magnésio (Mg);
- PRNT do tipo de calcário escolhido.
Há diversas fórmulas para usar, mostramos abaixo a de saturação de bases, como:
NC = [CTC x (V2 – V1) x (100÷PRNT)] ÷ 100
Sendo que:
- NC: necessidade de calcário, em t ha-1;
- CTC: CTCpH7 cmolcdm-3 (capacidade de troca de cátions);
- V2: porcentagem de saturação por bases desejada (valor tabelado em função da cultura)
- V1: porcentagem de saturação por bases atual do solo;
- PRNT: Poder relativo de neutralização total.
Calcule o valor total da entrega do produto
Outro ponto essencial para não gastar desnecessariamente é entender o custo total envolvido na compra do calcário. Isso inclui a quantidade necessária para suprir toda a propriedade, o preço do produto e seu frete.
- Depois de calcular a dose de calcário, veja a quantidade total e o preço final do produto.
- Some a esse valor o custo do frete.
- Divida o valor total (produto + frete) pelo PRNT do calcário.
- Multiplique o resultado por 100.
Compare os diferentes tipos de calcário e empresas que realizam a entrega e identifique o melhor custo-benefício para sua propriedade.
Faça a calagem do solo
Chegou a hora de botar a mão na terra e distribuir o calcário no solo! A indicação é fazer a calagem três meses antes do plantio da cultura.
O calcário deve ser distribuído de forma uniforme, com uma profundidade de 17 a 20 cm; 20 a 40 cm; 40 a 60 cm; etc. A faixa da profundidade é escolhida conforme os resultados das análises do solo.
- Cultivo convencional: depois de aplicar o calcário, realiza-se aração e gradagem no solo.
- Cultivo de plantio direto: a aplicação do produto é feita na superfície sem incorporação. Nesse caso, indica-se o calcário filler, que é mais fino e possui maior reação com o solo, otimizando o resultado da calagem.
Mas o que fazer em regiões que alternam períodos intensos de chuva e seca? A dica é realizar a calagem antes do fim das chuvas, mesmo que seja cinco meses antes do plantio da safra. Afinal, a reação do calcário demora e depende da disponibilidade de água na área plantada.
Leia também: 4 melhores práticas para a gestão agrícola
Quais os três produtos utilizados na calagem?
Os três produtos mais usados na calagem são: calcário calcítico, dolomítico e magnesiano. Eles têm eficiência semelhante, mudando apenas a quantidade de cálcio e magnésio em sua composição. Quanto maior é o PRNT do produto, maior será sua reação. Indica-se o uso dos tipos dolomítico ou magnesiano.
E, apesar do calcário ser a melhor opção, há uso de outros produtos, com cal virgem e cal hidratada. Aliás, como a cal age rapidamente e é forte, o ideal é aplicá-la muito antes do plantio.
Há quem escolha fazer a calagem do solo com escória básica de siderurgia, subproduto da indústria rica em silício, cálcio e magnésio, apresentando concentrações menores de ferro, manganês, zinco, fósforo e enxofre.
Gostou de aprender mais sobre essa etapa de preparação do solo antes do plantio? Não se esqueça de investir tempo e esforço em elaborar um bom planejamento agrícola para obter o máximo de produtividade da sua lavoura.
Se precisar investir em equipamentos e máquinas agrícolas para modernizar a produção e atingir escalabilidade, conheça como o consórcio pode ajudar. Com parcelas mensais, sem taxa de juros (apenas taxas administrativas), você pode adquirir - a médio e longo prazo - bens que vão potencializar sua fazenda!